segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

De repente 20

Como chegou rápido e eu nem percebi, parece que foi ontem que fazia planos para os meus 20 anos...
Aos 20 arranjarei uma namorada com a qual eu queira me casar...
Aos 20 farei uma viagem da qual nunca me esquecerei...
Aos 20 vou arrumar um emprego e ter um pouco mais de independência...
Aos 20 estarei pleno de amigos...
Aos 20 estarei em plena forma física...
Aos 20...
Aos 20...

Alguns planos não se realizaram ainda, mas nesse ano que vem, no meu único ano dos 20, pretendo fazer tudo isso e muito mais!!!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Hoje encontrei uma nova felicidade



Hoje encontrei uma nova felicidade. Uma que nem chega perto de ser palpável. Que existe, mas não sei onde se esconde, acho que dentro de mim, mas não consigo pegá-la.
E é tão bom sentí-la que a única coisa na qual penso é tentar buscá-la mais e mais, mais e mais, mais e mais...
Hoje encontrei uma nova felicidade, uma felicidade amor, mas apenas em sua parte boa, a parte da descoberta, da espera, da ânsia, do eterno amanhã que não chega. O amor em seu sentido lato, ou seja, tudo que lhe parece vermelho...

"E assim tem sido a minha vida, sempre me perdendo atrás do que é bonito..."

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Tempo

Um dia, depois de muito tempo, olhei no espelho, o relógio da alma, e vi que muito tempo tinha passado. Me desesperei por ter perdido dias tristes para chorar, felizes para sorrir, chuvosos para pensar e me lembrei de que "Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra disse: Vai, Luiz! ser gauche na vida".

domingo, 29 de novembro de 2009

O Amor não espera

O Amor não espera

“O amor joga
destelha casas
toca campainha
não espera acordar!”
Ricardo Valente – blog Poema & Filosofia


Vamos à rua!
Que o amor não espera.
Passa sem hora
Intermitente na eras.

Vamos à rua!
Protestar pelo amor,
Pela beleza da flor,
Pelo gosto da dor.

Vamos à rua!
Que lá a briga está
E a vida sem surra
É vida perdida.

Vamos à rua!
Rua sem saída.
Porque vida sem amor
É pior que amor sem vida.

Luís Américo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

[Fábrica de Letras] Preto no Branco: Parecer de um negro sobre o mito do racismo

Negra liberdade

Preta, pretinha, sai da bainha da nega fulo.
Dança sua dança, vira criança baiana nagô.
Caia na roda, a saia embola, o dia chegou,
Negra liberdade, festa na cidade, aqueça o bongô.

Luiz Américo


Preto no Branco:
Parecer de um negro sobre o mito do racismo


   Para quem não me conhece, antes de qualquer coisa, irei me apresentar brevemente, de forma relevante para tal parecer: Me chamo Luiz Carlos, tenho 19 anos, sou negro, estudante de Direito, classe média e vítima do racismo.

   Apresentar-me como vítima de racismo não é uma estratégia de convencimento emocional, daquelas bem baratas utilizadas em alguns textos dessa temática. Não pretendo despertar sentimentos em ninguém com tal texto, e também não ensejo justificar tudo aquilo que será dito ainda com tal status alcançado por mim, o de negro e vítima de racismo, apenas pretendo mostrar que já vivi aquilo que irei dizer.

   O racismo tem sido mitificado ao longo das décadas, colocando-se para as crianças que o preconceito racial é algo claro, perceptível, desvelado, ultrajante. E quando o tempo vai passando e elas, na maioria das vezes, não se deparam com tal situação de desvelo, passam a acreditar que o racismo é realmente um mito, e que não existe na nossa sociedade, enquanto vão sofrendo discriminação velada sem nem se darem conta da situação.

   E quando surge um projeto que afirma que ainda existe racismo escondido nas nossas estruturas sociais e precisa ser combatido com projetos de inclusão. A reação das pessoas criadas nesse mito é ver isso como uma forma de reviver o preconceito racial que para eles estava morto. E deixa de ser um projeto de inclusão para se transformar em um projeto de exclusão.

   A comemoração do dia da consciência negra é por muitos considerada manifestação racista, pois atenta para a conscientização da diferença, criando-se um feriado para que o negro se conscientize, enquanto não existe um dia para que o branco se conscientize da sua posição na sociedade. Em relação ao dia do índio ninguém nunca se pronunciou, mas quando o negro se insere na situação o mito do racismo entra em cena e distorce a sua finalidade. Não existe um dia da consciência branca porque o branco não possui o mesmo status social que o negro possui, nem possui a mesma herança histórica de dominação que o negro possui, apesar de estar aparecendo uma espécie de contra-racismo, mas esse é tema para outro momento.

   O sistema de cotas raciais é por muitos visto como racista e discriminatório, pois trata os estudantes com parâmetros diferentes para o ingresso, e acaba por destacar os alunos aprovados por cotas raciais, gerando divisão nas salas de aula. As cotas abrem uma porta para que aflore o racismo nas salas de aula, mas há a necessidade de nos confrontarmos com a realidade do nosso país, um país multi-étnico, com desigualdades sociais, e só assim esse panorama poderá ser mudado. Isso gera espanto, numa sala que antes possuía 50 brancos de classe média e alta passa a ter negros, pobres, índios e deficientes físicos. Isso é inclusão, isso é isonomia, isso é igualdade de oportunidades. Igualdade não é fornecer tratamento dentário gratuito para pessoas de baixa renda, mas quando se passa a existir dentistas que vieram de uma família de baixa renda.

   É necessário admitir que o racismo existe, na maioria das vezes, não da forma como nos é pregado, mas de forma arraigada na sociedade. Que pela sua mitificação, transforma projetos de inclusão racial em projetos multiplicadores do racismo. E também é preciso que essa idéia do racismo descarado seja desfeita, para que as pessoas deixem de ser alienadas quanto ao racismo velado, que povoa as frases, as piadas, os filmes, as novelas, os estereótipos e é encarado como algo normal e puramente social.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

BlogGincana de Novembro


Primeira BlogGincana deste blog que vos fala, uma ótima iniciativa da qual desejo muito fazer parte.
A tarefa deste mês me pede para apontar 3 blogs que considero bons, como voltei a blogosfera agora, e foram poucos os que restaram, não tenho muita dificuldade na escolha, pois os que restaram realmente são bons!
Primeiro lhes apresento: http://poemaefilosofia.blogspot.com/


Um blog poético: belas poesias, singelas, marcantes, merecem um livro para que sejam honradas. Fala da vida, de diversas temáticas, desde flores a sentimentos.

Agora lhes apresento: http://adri-elly.blogspot.com/


O blog desta menina incrível, se parece muito comigo, temos as mesmas reflexões e ela consegue atingir a profundidade dos meus sentimentos.

E por último: http://semblantedoespirito.blogspot.com/


Não possui uma temática específica, mas essa baianinha escreve prosa divinamente, vale a pena passar alguns minutos lendo o que esta menina escreve!!!

Acho que assim termino minha singela homenagem a esses blogueiros queridos!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nova Fase

Hoje começo uma nova fase no meu blog, uma nova fase na minha vida.
Uma fase sem enfatizar os silogismos, os conflitos, os problemas, as sínteses. Uma fase de letras, não importa quantas nem quais, mas que seja repleta de belas histórias, um relicário de palavras, um mausoléu de mim mesmo, para lembrar daquilo que em mim já morreu e ainda sim ser bonito para aquilo que está mais vivo do que nunca!
E eu estou muito vivo!! Vivo e em profusão comigo mesmo, estou a passar por uma tranformação confusa, que ninguém consegue entender muito bem, muito menos eu, mas vamos tentar juntos, quem sabe as letras não sejam o remédio, ou o caminho, para tudo isso.

Sejam bem-vindos às letras...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sinceridade

Nesse momento eu queria utilizar ese blog apenas para exercer um pouco da minha sinceridade, ser um pouco sincero comigo mesmo pra tentar me entender e entender o por que das pessoas agirem da forma que agem.

Primeiro, por que as ações das pessoas nos afetam?
Não tenho a mínima noção, mas nos faz estranhos, faz nossos sentimentos estranhos a nós mesmos enquanto indivíduos. É algo externo que nos povoa de forma indesejável mas irremediável. Tenho aprendido a conviver com isso...

Segundo, por que a nossa vida sempre parece ser mais difícil que a dos outros?
Somos seres insatisfeitos por natureza, e eu não me excluo dessa definição. Apesar de ter muitas coisas ainda me pergunto por que certas coisas demoram a acontecer comigo, às vezes me questionando, às vezes a sociedade, às vezes Deus. Mas acredito que agora minha vida vai pra frente, pois as melhores coisas acontecem sem estarmos esperando...

Terceiro, por que as pessoas tem lapsos de falta de criatividade?
Essa é a situação em que me encontro, tenho ótimas idéias, mas a prática empaca e quado vejo não saiu nada daquela bela cena que vivenciei, parece que as experiências não superabundam no meu ser suficientemente para serem transpostas para o papel. Então estar escrevendo isso já é um grande passo para mim, alguém que não escreve há quase um mês.

Acho que é isso, desabafar faz bem, ainda mais indiretamente com pessoas desconhecidas que incrivelmente passam pelas mesmas coisas que passo...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

[MEME] 6 Coisas aleatórias

Estou profundamente lisonjeado por essa indicação que recebi da Juliana, do blog Frente e Versos - [http://semblantedoespirito.blogspot.com/] e da Mari Mendes do blog Em busca de sentido... - [http://marimendesjf.blogspot.com/], páginas cativas nos meus favoritos. Esse meme, me pede para relatar 6 coisas aleatórias sobre mim, mas não queria simplesmente dizer seis coisas que qualquer pessoa diria sobre mim, por isso direi as seis coisas que ninguém falaria de mim, coisas muito difíceis de se dizer ou de se definir.

1 – Às vezes até eu me irrito por ser metódico, por ter essa necessidade de organizar minha e racionalizar a minha vida, em todos os sentidos. Enlouqueço quando sou surpreendido por eventos não planejados. Me acostumei com isso, mas surpresas são boas com parcimônia.

2 – Tenho, ou tinha, a mania de engarrafar sentimentos, guarda-los para não senti-los, e na inocência achar que poderia usa-los quando me fosse mais conveniente... Coisa de gente inocente...

3 – A poesia é o tempero da minha vida, quando estou meio riste e minha vida parece meio sem sal, basta que eu escreva para ela tomar num novo rumo e ter um novo gosto, às vezes mais doce, às vezes muito salgado. Ela é algo que me move na ânsia de crescer e me aprimorar como pessoa.

4 – Meu maior medo é a solidão, tenho meus amigos e minha família como meus maiores tesouros e se um dia ficar sem nenhum deles irei enlouquecer com certeza, pois é a certeza da existência deles que me segura muitas vezes em muitas situações.

5 – Sou igreja Católica Apostólica Romana com muito orgulho. Houveram erros? Sim. Uma igreja feita de homens está sujeita a toda sorte de erros, mas não consigo ignorar a verdade passada por Cristo através dela e as maravilhas realizadas. Pode tudo ser uma grande mentira, mas me faz viver de forma digna e supre a minha necessidade espiritual com a esperança, pois o maior prejuízo daquele que não crê é a impossibilidade da esperança em algo melhor.

6 – Desde pequeno sempre sonhei em fazer direito e seguir a carreira jurídica. Hoje faço Direito na UFJF (Universidade federal de Juiz de Fora) e me sinto uma pessoa realizada, pois faço o que eu gosto, tenho grandes amigos, uma família feliz, um Deus que me ama, uma vida boa, enfim, sou feliz...


Seis Coisas Aleatórias - regras:

1 - Linkar a pessoa que te indicou.
2 - Escrever as regras do meme em seu blogue.
3 - Contar 6 coisas aleatórias sobre você.
4 - Indicar mais 6 pessoas e colocar os respectivos links.
5 - Deixar a pessoa saber que você a indicou, deixando um comentário para ela.
6 - Deixar os indicados saberem quando você publicar sua postagem.


And the nominations are:

[http://riot-act.blogspot.com/] - O Retrato da Nudez Eólica
[http://prainiciodeprosa.blogspot.com/] - Pra início de prosa…
[http://adri-elly.blogspot.com/] - Necessidade
[http://francineversusfrancine.blogspot.com/] - Francine.vs.Francine
[http://destartes.blogspot.com/] - You give me something
[http://poemafilosofia.blogspot.com/] - Poema & Filosofia

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Poemas são como ratos

Poemas são como ratos


Poemas são como ratos,
Fogem através dos ralos,
Escorrem através dos lábios.

São sujos, ligeiros, matreiros,
Belos, singelos, caseiros;
Ora de casa, ora da rua,
Ora pudica, ora toda nua.

Poemas curtos, longos,
Grandes e demorados;
Ratos, ratazanas,
Pequenos, alimentados.

E corações são como ratoeiras,
Todo poema para em um coração,
E todo rato por fim numa armação.

Luiz Américo

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Engarrafando Sentimentos Ltda.


Ando Engarrafando Sentimentos, o mais belo e puro, sem manchas, decepções, sofrimentos ou qualquer sorte de mácula.

Estou pensando em vender um pouco dele, pois parece que não acaba e já não tenho mais lugar para guardar as garrafas...

Quem quer comprar?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Farei de tudo para te salvar

"Quarto branco, teto, chão e paredes, sem móveis, apenas um jarro de barro com uma cabaça pendurada. Duas portas figuram no quarto juntamente de uma janela de vidro, de onde não dá para se ver nada, somente um fortíssimo brilho de luz branca. Entro ofegante no quarto pela menor porta, uma em que tenho q passar de lado, a roupa branca e gotas de suor pontilhando a minha testa. Apenas um homem estava na sala, sentado ao lado da janela com a face mais serena que já vi em toda minha vida, como se a paz emanasse dele, e uma alegria tão forte povoou o meu coração que só conseguia olhar pro rosto daquele homem que sorria com os olhos. Ele olhou pra jarro de barro e logo entendi que ele queria água e enchi a cabaça de água e estendi para ele, mas ele a empurrou graciosamente com a mão e acenou para que eu bebesse por causa do meu cansaço que já estava quase desaparecendo. Quando fui deixar a cabaça vazia junto do jarro novamente ouvi sua voz forte, mas carinhosa e terna dizendo: 'Farei de tudo para te salvar.' e sem olhar para trás, segui pela outra porta da sala, mais larga que a primeira."
Quando acordei daquilo tudo, estava sentado no banco da capela que estava antes de cair nesse transe e a primeira coisa que me veio a cabeça foi a identidade daquele homem, e a resposta veio imediatamente no meu coração e a imagem do homem empurrando a cabaça de volta pra mim com sua mão direita com uma cicatriz bem na divisão entre a mão e o pulso veio em minha mente. 'Era Jesus.'

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

[Tertúlia Virtual] Fogo



"Amor é Fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente..."
p.s:. Desculpem o atraso para a postagem, mas essa foto que queria postar estava em um pendrive perdido e eu só achei ele agora. Tentem achar corações na foto, ela está repleta deles...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

[Desafio aceito] Flores são Fadas

Quem não gosta de flores? As fadas dos corações apaixonados, desolados, entristecidos, amargurados. Têm a magia capaz de curar as maiores mágoas e tristezas. Uma bela flor pode mudar uma vida.
Flores, as eternas mártires. Se sacrificam pela felicidade das pessoas. Também, tanta beleza tinha que custar um preço, não que ele seja justo, mas é o preço que elas pagam por serem tão belas e mágicas. São meses de luta para brotar, crescer, se embelezar para então gerar cinco minutos de alegria, que às vezes são esquecidos em um vaso no canto mais escuro da casa, mas mesmo assim vale à pena.
Todo mundo deveria ter o prazer de receber flores, homens, mulheres, velhos, crianças. Ver o fulgor inocente de rosas brancas que ao ver a face de um casal apaixonado se deixa enrubescer, pintando o miolo de suas pétalas de um rosa plácido. Isso é vergonha de tal amor. Ver a curiosidade do girassol que se vira para ver mãe e filho se abraçarem depois de anos de saudade engarrafada, usando como desculpa o sol que os emoldura na janela.
Todos deveriam ver flores em um imenso campo, a imagem perfeita da entrada do paraíso, um campo de tulipas, diversas cores, diversos olhares das fadas envergonhadas que se escondem sob a forma floral para não se deixarem reconhecer.
Todos deveriam ver a integridade com que uma flor morre, se deixa arrancar sem manchar sua imagem de pureza por qualquer resquício de dor ou tristeza, pois sabe que aquela é a sua missão, alegrar os corações carentes. A força com que a flor resiste ao tempo para permanecer bela por mais tempo, ela luta pela sua beleza, não por vaidade, mas pelo prazer de gerar alegria.
E até quando desfalece já sem cor, com sua cabeça pendendo para o lado, ela se apresenta bela, pois cai composta, sem desespero, como quem aproveitou muito bem seu tempo de vida, morre com face tranqüila de quem cumpriu sua missão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A escrita é um teatro e a folha é um palco

Movido pelos comentários da última postagem, me vi no dever de mostrar a minha forma de ver a minha escrita, e por que às vezes pareço levar tão a sério coisas tão banais, como uma noite de bebedeira...
Nivelo a arte de escrever aos parâmetros da atuação teatral, na qual estou mais familiarizado, e quando escrevo, da mesma forma de quando se assimila um personagem, se vive o momento presente que está atuando todas as noites durante o espetáculo. O bom ator é aquele que não se vê surpreendido com uma mudança de situações nas vésperas da estréia, é aquele que está tão personagem que apenas vive o momento da nova situação.
Quando se escreve, entra-se em uma intimidade tão profunda com os personagens que abre-se mão de conhecer o futuro deles, e apenas vive o que escreve, retrata-se cegamente todas as reações, sem pensar em estar sendo dramático, ou seco, ou insensível, ou até mesmo ilegível. Apenas se vive.
Quando escrevo, atuo. Sou tão personagem que choro, rio, me desespero e me inquieto juntamente deles. Sofro com a traição e me conglatulo do sucesso de meus personagens, me familiarizo tanto com eles que pouco importa o futuro e o desfecho do texto, se pudesse nunca acabaria... Mas como sou limitado pelo tempo e pelas linhas, assim como o ator o é pela paciência do espectador, o finalizo em um momento de dúvida ou continuação, dando margem para a história que ainda está a desenvolver-se em minha cabeça, para que possa voltar àquela história assim que sentir vontade de viver mais daqueles momentos.
O fim de um conto nunca é seu verdadeiro fim, sempre me resta um pouco mais de idéias, um pouco mais de pensamentos, que são guardados e vão crecendo e se desenvolvendo com o tempo, sempre buscando seu verdadeiro fim.
Sou dramático por natureza teatral a que pertenço e o drama permeia o meu texto assim como a água em terra seca, mas se me ponho em situações intensas e extremas, é simplesmente pelo puro analisar do momento e pelo desejo de desenvolver mais aquela situação à procura de um eterno verdadeiro desfecho.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Um 2009 repleto de felizes silogismos

Como havia prometido, volto em 2009 com novos silogismos, sejam eles poéticos ou não, reinvindicantes ou bobos, homenagens ou protestos...

Este será um ano de muita felicidade e crescimento para todos nós, com muito boas leituras, que sei que vocês me proporcionarão, e muita escrita boa.

E uma novidade muito nova para quem passar para conferir um silogismo será a transformação de alguns contos que vocês leram por aqui e outros muitos que virão em livro. Sim, pretendo transforma parte dessa minha casa virtual em casa de papel. Esperem e verão...

E para começar o ano, vou deixar como presente de Natal e recepção do novo ano um conto fresco para vocês que tem boas probabilidades de ir parar no papel...

Verdes Olhos

Mauro estava sentado nu sobre os lençóis de sua cama cheirando a sexo. O arrependimento lhe pesava a alma como se fosse uma imensa pedra de gelo. Suas mãos estavam geladas e seu olhar perdido.
Sheila acabara de sair sem deixar uma palavra sequer, apenas aquele olhar verde e vidrado cheio de dor e repulsa. As malas dela não permaneceram cinco minutos dentro daquilo que um dia fora chamado de lar. Agora mais parecia um pulgueiro cheirando a falso amor, simples sexo, cheirando ao acre odor da solidão.Estava só sem nem conseguir se vestir, sentia vergonha de si e nojo do cheiro de álcool misturado com perfume barato de mulher.
Nunca deveria ter bebido daquele jeito, nunca deveria ter saído depois do serviço, era advogado de uma empresa de consultoria, nunca deveria ter se aproveitado da ausência da esposa, nunca deveria tê-la traído.
A mãe de Sheila estava internada em estado terminal e ela foi passar os últimos dias ao lado da mulher que a criara. Foram 3 dias ao lado da cama no hospital e 2 ao lado dos irmãos, tinha 2, os consolando pela morte e preparando funeral. Foi extremamente forte. Ela ligava toda noite para saber se estava comendo direito, como andava, do trabalho, se a Marlene estava limpando a casa direito, para contar todos os detalhes da situação da mãe, ligava para chorar e para matar a saudade.
Tinha 5 dias que a havia deixado no aeroporto com promessas de volto logo e não restara mais nada, apenas um homem nu sentado em cima da bela cama do casal sentindo o silêncio da ausência.
Mauro tivera um dia de casos difíceis na empresa e decidiu ir tomar uns drinques no bar mais próximo para relaxar e depois dormir mais facilmente. Então surgiu uma mulher de olhos vivos e corpo torneado, que somado aos muitos uísques e um bilhete o convidando para aventuras o fez agir sem pensar. A pegou pela cintura e a levou para seu apartamento trocando carinhos no carro pelo caminho sem nem saberem seus nomes.
Quando a mulher de nome desinteressante saía de sua casa, ele ficava deitado ouvindo atentamente o barulho da porta se abrindo e do elevador chegando ao andar, seguido de passos indecisos e vacilantes pela casa.
“Será que essa mulher esqueceu alguma coisa?” Pensou ele acompanhando os passos lentos, mas decididos que aumentavam seu ruído. Se descobria para tomar um banho quando viu a mulher que dizia amar com o olhar doído fixo sobre ele. Um olhar de profunda decepção misturado com asco e desprezo.
Sheila deixou a mala no chão, foi andando até a cômoda onde pegou um porta-retrato onde estava sorrindo ao lado dos pais, deu meia volta, pegou sua mala e saiu sem dizer nada, apenas o barulho dos sapatos no compensado e o fechar da porta.
“Ela precisava de amor e consolo e eu dei a ela decepção. Vacilei quando ela mais precisava. Não a traí somente, também traí a mim. E aqueles olhos me olhando... Nunca vou me esquecer.”
Olhos doloridos que levaram até as lembranças, lembranças que se foram turvadas pelas lágrimas e junto com o verde dos olhos decididos que não mais voltarão.