sábado, 3 de janeiro de 2009

Um 2009 repleto de felizes silogismos

Como havia prometido, volto em 2009 com novos silogismos, sejam eles poéticos ou não, reinvindicantes ou bobos, homenagens ou protestos...

Este será um ano de muita felicidade e crescimento para todos nós, com muito boas leituras, que sei que vocês me proporcionarão, e muita escrita boa.

E uma novidade muito nova para quem passar para conferir um silogismo será a transformação de alguns contos que vocês leram por aqui e outros muitos que virão em livro. Sim, pretendo transforma parte dessa minha casa virtual em casa de papel. Esperem e verão...

E para começar o ano, vou deixar como presente de Natal e recepção do novo ano um conto fresco para vocês que tem boas probabilidades de ir parar no papel...

Verdes Olhos

Mauro estava sentado nu sobre os lençóis de sua cama cheirando a sexo. O arrependimento lhe pesava a alma como se fosse uma imensa pedra de gelo. Suas mãos estavam geladas e seu olhar perdido.
Sheila acabara de sair sem deixar uma palavra sequer, apenas aquele olhar verde e vidrado cheio de dor e repulsa. As malas dela não permaneceram cinco minutos dentro daquilo que um dia fora chamado de lar. Agora mais parecia um pulgueiro cheirando a falso amor, simples sexo, cheirando ao acre odor da solidão.Estava só sem nem conseguir se vestir, sentia vergonha de si e nojo do cheiro de álcool misturado com perfume barato de mulher.
Nunca deveria ter bebido daquele jeito, nunca deveria ter saído depois do serviço, era advogado de uma empresa de consultoria, nunca deveria ter se aproveitado da ausência da esposa, nunca deveria tê-la traído.
A mãe de Sheila estava internada em estado terminal e ela foi passar os últimos dias ao lado da mulher que a criara. Foram 3 dias ao lado da cama no hospital e 2 ao lado dos irmãos, tinha 2, os consolando pela morte e preparando funeral. Foi extremamente forte. Ela ligava toda noite para saber se estava comendo direito, como andava, do trabalho, se a Marlene estava limpando a casa direito, para contar todos os detalhes da situação da mãe, ligava para chorar e para matar a saudade.
Tinha 5 dias que a havia deixado no aeroporto com promessas de volto logo e não restara mais nada, apenas um homem nu sentado em cima da bela cama do casal sentindo o silêncio da ausência.
Mauro tivera um dia de casos difíceis na empresa e decidiu ir tomar uns drinques no bar mais próximo para relaxar e depois dormir mais facilmente. Então surgiu uma mulher de olhos vivos e corpo torneado, que somado aos muitos uísques e um bilhete o convidando para aventuras o fez agir sem pensar. A pegou pela cintura e a levou para seu apartamento trocando carinhos no carro pelo caminho sem nem saberem seus nomes.
Quando a mulher de nome desinteressante saía de sua casa, ele ficava deitado ouvindo atentamente o barulho da porta se abrindo e do elevador chegando ao andar, seguido de passos indecisos e vacilantes pela casa.
“Será que essa mulher esqueceu alguma coisa?” Pensou ele acompanhando os passos lentos, mas decididos que aumentavam seu ruído. Se descobria para tomar um banho quando viu a mulher que dizia amar com o olhar doído fixo sobre ele. Um olhar de profunda decepção misturado com asco e desprezo.
Sheila deixou a mala no chão, foi andando até a cômoda onde pegou um porta-retrato onde estava sorrindo ao lado dos pais, deu meia volta, pegou sua mala e saiu sem dizer nada, apenas o barulho dos sapatos no compensado e o fechar da porta.
“Ela precisava de amor e consolo e eu dei a ela decepção. Vacilei quando ela mais precisava. Não a traí somente, também traí a mim. E aqueles olhos me olhando... Nunca vou me esquecer.”
Olhos doloridos que levaram até as lembranças, lembranças que se foram turvadas pelas lágrimas e junto com o verde dos olhos decididos que não mais voltarão.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois eu não sei não... deixa ver... hoje, eu acho... que ele não pisou na bola! Vai em frente, que vai achar o amor de sua vida! FORA SCHEILA! Gostei, Luiz! Abraço!

Insolente disse...

vc é cara de pau, seu merchan ambulante! xD
poooo, vai começar feliz 2009 assim?!
ah, não leve a traição tão a sério, meu bem. ("veja bem além desses fatos vis, saiba traições são bem mais sutis...se eu te troquei, não foi por maldade")
=)
Hoje eu rio, e só. - pq está extinto o amor. Ele e toodas as suas canções ^^
bjoos

Jorge Pinheiro disse...

Bom 2009 e continuação de bons contos. O amor é tramado...