terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A escrita é um teatro e a folha é um palco

Movido pelos comentários da última postagem, me vi no dever de mostrar a minha forma de ver a minha escrita, e por que às vezes pareço levar tão a sério coisas tão banais, como uma noite de bebedeira...
Nivelo a arte de escrever aos parâmetros da atuação teatral, na qual estou mais familiarizado, e quando escrevo, da mesma forma de quando se assimila um personagem, se vive o momento presente que está atuando todas as noites durante o espetáculo. O bom ator é aquele que não se vê surpreendido com uma mudança de situações nas vésperas da estréia, é aquele que está tão personagem que apenas vive o momento da nova situação.
Quando se escreve, entra-se em uma intimidade tão profunda com os personagens que abre-se mão de conhecer o futuro deles, e apenas vive o que escreve, retrata-se cegamente todas as reações, sem pensar em estar sendo dramático, ou seco, ou insensível, ou até mesmo ilegível. Apenas se vive.
Quando escrevo, atuo. Sou tão personagem que choro, rio, me desespero e me inquieto juntamente deles. Sofro com a traição e me conglatulo do sucesso de meus personagens, me familiarizo tanto com eles que pouco importa o futuro e o desfecho do texto, se pudesse nunca acabaria... Mas como sou limitado pelo tempo e pelas linhas, assim como o ator o é pela paciência do espectador, o finalizo em um momento de dúvida ou continuação, dando margem para a história que ainda está a desenvolver-se em minha cabeça, para que possa voltar àquela história assim que sentir vontade de viver mais daqueles momentos.
O fim de um conto nunca é seu verdadeiro fim, sempre me resta um pouco mais de idéias, um pouco mais de pensamentos, que são guardados e vão crecendo e se desenvolvendo com o tempo, sempre buscando seu verdadeiro fim.
Sou dramático por natureza teatral a que pertenço e o drama permeia o meu texto assim como a água em terra seca, mas se me ponho em situações intensas e extremas, é simplesmente pelo puro analisar do momento e pelo desejo de desenvolver mais aquela situação à procura de um eterno verdadeiro desfecho.

3 comentários:

Insolente disse...

tapa de luva, hum?!
fica o desafio, escreve leve, agora.
das flores que não precisam murchar. E que se murcham, não importa, porque não dói.

Clara Mazini disse...

O verdadeiro fim. Difícil imaginar onde nasce e termina uma idéia, uma história, um poema... talvez goste de me perder no meio e recuse a encontrar o final.

Mariana Mendes . disse...

Acho que o mais dificil na hora de escrever é saber o momento de parar... =]

Vamos marcar alguma coisa sim. O que você sugere?

Beijos