sábado, 12 de julho de 2008

Saudade

- Por que eu não consigo parar de pensar nele. E pensar dói. Nunca pensei que pensar fizesse o peito apertar de tal forma. Essa hora deve estar se deliciando com os ares europeus, com as paisagens européias, com as mulheres européias. Acho melhor parar de pensar nele. Vou ler o jornal agora. Isso! Vou ler o jornal agora. – Pensou Bruna em meios aos seus lençóis. Já era meio dia e ela ainda estava na cama, não havia escovado os dentes, se banhado, trocado os pijamas, desde que acordara apenas pensava em Rogério, seu namorado, há duas semanas na Europa. Ele tinha ganhado a viagem de presente da mãe por ter passado no vestibular, seria um belíssimo médico, e ela uma belíssima jornalista, juntos tinham um futuro brilhante.

- Bruna, vem almoçar minha filha. – Gritou a mãe da garota da cozinha. – Tem Purê de batatas hoje.

- Purê de batatas? Justamente o que o Rogério mais gosta, posso até imaginar ele sentado à mesa conosco no dia de seu aniversário, deixou de almoçar com o pai para vir comer comigo e com mamãe. – continuou Bruna sem sair da cama ao ouvir a mãe chamar. – Hoje não estou com muita fome. – Gritou em resposta do quarto buscando evitar as lembranças do namorado. Não que quisesse se esquecer dele, mas preferia não se lembrar para não sofrer com a saudade. – O jornal! Vou ler o jornal agora. Talvez leia os classificados, a política internacional...

O jornal se encontrava sobre a mesa da sala. Bruna saiu de seu quarto, seus passos abafados pelas grossas meias que usava nos pés. Pegou o jornal cuidando para não fazer muito barulho e atrair a mãe que a obrigaria a comer. No quarto as partes do jornal foram despencando no chão e nas mãos da garota ficaram apenas as páginas do caderno internacional, e na capa: “Manifestantes mortos no Tibete em passeata a favor da libertação do país”.

Seu sangue gelou, “E o Rogério, será que aconteceu algo com ele? Mas não é possível, será que o meu amor foi um desses mortos?”. Por um momento Bruna pensou no seu namorado sendo atacado por ferozes policiais chineses. “Mas o Tibete não fica na Ásia? Ufa, ele não foi ao Tibete, mas pode estar correndo todo perigo do mundo, o avião dele pode cair na volta... Pára Bruna, olha como você fantasia as coisas. Há uma hora dessas ele deve estar na Grécia bem em frente ao Partenon.” E caiu na cama novamente, abraçada no jornal, os olhos segurando algumas lágrimas.

Saudade, a perigosa metamorfose do urso. No começo é um lindo urso de pelúcia, início de saudade é gostoso; Depois é um belo urso panda, ainda lindo e inofensivo, mas já não se pode ficar carregando pra todo lado; Então é um urso polar, perigoso mas fantasioso, vale o risco pra ver de perto; No final é um horrível urso pardo, pronto pra te devorar a qualquer minuto, basta arriscar pra correr o risco.

12 comentários:

Anônimo disse...

O que esceve é fantástico...
Podemos trocar algumas personagens e situações??? rs
Beijos!

Tatiani disse...

Olha lá!
A metarmofossa que eu estou falando a dias!

Saudades... coisa mais desnecessária e doída.

*bonito aqui. voltarei.
;)

Indhiara disse...

acho que meu urso já veio na forma parda. perdi as etapas anteriores. a essa altura, está tão enorme que nem quero topar com ele por aí.

Francine Esqueda disse...

Luiz Carlos: - Adorei seu perfil, ainda estou sorrindo... Acho que está nascendo uma nova geração! Jovens mais responsáveis, sem vícios, inteligentes, sinceros e amigos... assim como você... mais contente fiquei quando disse que vai me linkar no seu blog!!! Achei super interessante sua maneira de escrever... Parabéns outra vez!!!
O que Você está estudando???
...fazendo Direito???
A gente se fala, bjs e boa semana!

Anônimo disse...

Ah não, e não queira ter meu ritmo... É muito cansativo! rs
Tá bom do jeito que tá!
Jà te add no msn.
Beijinhos e boa semana prá ti!

Anônimo disse...

Bruna e Rogerio? O frio deve estar confundindo as suas ideias, meu bem, e a ciranda prossegue na sua troca de pares, na batida incessante, no verde da grama.
Que calor louco faz aqui. bruna de meias grossas, pobrezinha, soh d imaginar...!
=)
bjo

Nathália E. disse...

Exatamente!
Iníco de saudade é até gostoso de se sentir, mas depois de um tempo ela se transforma num monstro dentro de nós.

Beijo!!

Anônimo disse...

liiindoo
maas tristee=/
by:
http://imensidadx3.blogspot.com

Anônimo disse...

eheh
q masssaa
odeeeeio azul auhauha
kkkkk
baack?
by:
http://imensidadx3.blogspot.com

Mariana Mendes . disse...

Lindo! Realmente lindo!

A saudade é necessária, mas é preciso não deixar que ela se transforme no urso pardo.

Beijos

Vai no lobisomen hoje?
Se você não tiver sabendo: 16:30 na catedral.

Juliana Campos disse...

Perfeito!
A parte do urso então!? Tudo haver*!

J Araújo disse...

Parabéns pelo belo blog e as poesias aqui contidas.
Voltarei com + tempo.