sábado, 31 de maio de 2008

Paulo e Virgínia

“Não, não te quero mais, agora eu que decido aonde vou...
Não, não suporto mais, prefiro andar sozinho como sou...”

(Chega – Mart’nalia)




- Cansei de viver assim, que se danem as algemas e os grilhões, que se danem os planos e os sonhos, quero a liberdade, quero viver. Respirar ar puro, levar vento no rosto, poder abrir os braços para o mundo, para a vida. Viajar, viajar sem sair do lugar, ter a liberdade de sair do lugar em pensamento, ser livre para pensar. – disse Virgínia antes de dar as costas para Paulo e sair andando em direção ao calçadão. Na beira do asfalto jazia a aliança prateada com detalhes de ouro com o nome de ambos a poucos centímetros do bico quadrado do sapato caramelo dele.

Os olhos de Paulo insistiam em olhar, marejados, os cabelos negros de Virgínia balançarem no caminho para longe deles.

- O que foi que eu fiz? Será que eu não fui bom o suficiente para que ela me amasse? Eu não a mereço, a tive por dez anos e não decidir por casar-me com ela, agora que ela foi embora sinto que faria qualquer coisa, me casaria quantas vezes fossem necessárias. – lamentou-se Paulo sentado na beira do asfalto com o par de alianças que um dia ele e Virgínia usaram na palma de sua mão úmida das lágrimas que pingavam de seus olhos e lhe embaçavam as vistas.

Para um lado a cidade alta e seu calçadão imponente com todos os postes de iluminação acesos com lâmpadas incandescentes, para o outro a decrépita cidade baixa com seus postes destruídos. Em sua frente e às suas costas, um frio parapeito de ferro cru da ponte da cidade.

Por um instante, aquela idéia lhe pareceu palatável. Sua mente e seu corpo já não lhe obedeciam mais, era uma enxurrada de pensamentos que passavam por sua cabeça. Quando se deu conta, estava a contemplar ao longe a espuma que o rio fazia ao correr na direção Norte. As alianças estavam em seus dedos e seus olhos estavam fechados, preferia não olhar o seu caminho nem o seu destino final se aproximar. Abriu os braços e por um momento sentiu a liberdade da qual Virgínia lhe falara, não existia mais.

Naquele momento, ninguém passava pela ponte nem o viu cair dela. Passaram-se dois dias e por grande ironia do destino, a primeira a sentir a falta de Paulo foi Virgínia, tão acostumada a suas ligações e constante mimo. Foi à casa dele e a encontrou vazia, a porta não estava trancada e sobre a mesa havia um buquê com as mais belas rosas que havia visto e junto delas uma caixinha de veludo que ao ser aberta por Virgínia mostrou um lindo par de anéis dourados. Ele iria pedi-la em casamento naquele dia, e ela nem o deixou falar, embora ele tanto insistisse.

Virgínia saiu correndo da casa de Paulo e foi para o lugar onde ele trabalhava, mas as portas estavam fechadas e um aviso noticiava que haviam fechado devido ao luto pela morte de Paulo de Andrade Leão, achado naquela manhã às margens do rio por pescadores.

Naquele momento uma pequena fresta da porta do armazém se abriu e de lá saiu um abatido senhor de nome Luís, que derramou mais uma lágrima ao ver Virgínia parada e atônita. Não conseguiu dizer nada de início, apenas abriu seus braços e recebeu as lágrimas da garota em sua camisa xadrez de linho.

- Ele foi achado a uma boa distância daqui pelo rio, ele estava irreconhecível, seu rosto desfigurado, apenas foi reconhecido pelo par de alianças que tinha nos seus dedos da mão direita. Por que ele estava com a sua aliança na mão Virgínia? – disse pesaroso o antigo patrão e segundo pai de Paulo.

- Foi o maior erro que já cometi na minha vida... – e caiu em prantos novamente.

6 comentários:

Anônimo disse...

=) Virgínia, eh tão bonito... mas pq ele tinha q morrer, hein, luizitu?
hahaha, td bem, n me meto, eu tb gosto d matar os outros nos contos...
título difícil mesmo, nem faço idéia =s

Anônimo disse...

E luiz muito bonito!!!
muito legal mesmo!!!
com uma bela pitada romantica!!!
legal mesmo!!! + lais simceramente fika melhor ele morto sim!!!
nem sempre o fim e totalmente feliz! :[
abraços!!

Luiz Carlos disse...

Pensei em botar o título de Chega

q q cs acham???

Mariana Mendes . disse...

Pára... você quase me fez chorar... rs É lindo!

Mas título? Difícil. Sou péssima pra títulos. Mas não gosto muito de "chega" não. Quando você decidir me fala.

AME

Bjoo

Anônimo disse...

Não luizitu, tem q ser um daqueles títulos igual da lygia, com um detalhe do conto soh, sabe? tipo o perfume da mulher...
eu sugiro assim, "a ponte", q fika uma coisa bem ambigua
eu gooosto de coisas ambiguas =)

Anônimo disse...

oO Lucas, sempre dramático.
não é questão de acabar bem, há milhares d jeitos d acabar mal, ele nao precisava morrer. Podia ser muuuuito pior
hahahahaha cara d bixinho malééfiko.
eeeh, verdade msmo. morrer fica bonito e viver mal eh pior.